Descubra o roteiro no centro histórico de Mértola, para conhecer os principais museus e locais de interesse nesta vila do Sul de Portugal.
Sugerimos que este roteiro no Centro Histórico (“Vila Velha”) de Mértola, vila alentejana no Sul de Portugal, seja feito calmamente, circulando pelas ruas, ruelas e becos para apreciar o património edificado desta vila-museu.
Além disso, vai visitar os seus principais locais de interesse e núcleos museológicos, onde verá muitos achados arqueológicos, sobretudo dos períodos romano e islâmico. Tal vai ajudar-lhe a entender melhor a herança histórica e cultural deixada por várias civilizações.
Mapa do Roteiro em Mértola, Portugal
Os números (#) no Mapa e no Texto identificam os locais a visitar:
O que Visitar no Centro Histórico de Mértola
Este roteiro em Mértola envolve percorrer as ruas do centro histórico, que são muito parecidas com as ruas da famosa cidade de Chefchouen em Marrocos (chamada “cidade azul”).
- Duração do Roteiro (estimada): 2,5 horas (15 minutos em caminho linear)
- Extensão do Roteiro: 1 km
- Custo: Entrada grátis nos núcleos museológicos, à exceção do Núcleo de Arte Islâmica e Torre de Menagem que custa 2€. Desconto 50% para estudantes e maiores de 65 anos. Entrada gratuita para naturais e residentes no munícipio e crianças até 12 anos (inclusive).
=> O roteiro tem início no Largo Vasco da Gama, junto ao Café Guadiana;
=> Entre no centro histórico, passando junto quer do Mercado Municipal do lado esquerdo, quer da Biblioteca do lado direito: são edifícios brancos com barras amarelas.
A) CONHECEr O Mercado Municipal
O Mercado Municipal (1) situa-se sobre um antigo torreão da muralha. Trata-se de um pequeno mercado, com bancas de frutas, legumes, peixes e flores.
Entretanto, aproveite o terraço do café do Mercado, de onde se tem uma vista deslumbrante sobre o Rio Guadiana, as margens e o povoado em frente, chamado Além-Rio.

B) visitar a Biblioteca Municipal
A Biblioteca Municipal (2) fica no local onde era uma antiga prisão (nos séculos XIX e XX). Aliás ainda pode ver as fortes grades de ferro nas janelas com as barras amarelas.

=> Continue pela Rua Alonso Gomes e aviste uma antiga casa branca com faixas amarelas. Além disso, há ali uma interessante passagem superior sobre a rua e na esquina uma “Mercearia Souk” (no nº 53 da Rua Dr. Manuel Francisco Gomes), que vende produtos típicos da região e árabes.
=> Antes desta casa, vire à direita entrando na Rua da Igreja, avistando a Oficina de Tecelagem, a Casa de Mértola e o Posto de Turismo.
c) explorar a Oficina de Tecelagem
A Oficina de Tecelagem (3) situa-se no nº 35 da Rua da Igreja e expõe peças artesanais de uma das mais antigas artes tradicionais do concelho, a tecelagem.
Assim sendo, aqui vê as famosas mantas de lã de Mértola, com motivos decorativos inspirados no passado árabe e nos achados arqueológicos. Além disso, pode observar outros trabalhos, como mantas de retalhos, panos de linho e meias de lã produzidas na região.
Neste núcleo museológico observe as tecedeiras a produzir as mantas de lã nos antigos teares manuais. Ali manuseiam os utensílios de trabalho de tecelagem (de lã e de linho) e prestam informações, que lhe ajudam a entender a importância desta atividade tradicional e da produção de ovinos no concelho.
D) Informar-se no Posto de Turismo
O Posto de Turismo (4) localiza-se no nº 31 da Rua da Igreja. Aqui encontra diversa documentação (mapas, brochuras, livros) e “merchandising” dos eventos ocorridos em Mértola, Portugal, bem como obtém informações sobre horários de visita aos museus e outros locais.
E) descobrir a Casa de Mértola, Portugal
A Casa de Mértola (5) fica ao lado do Ponto de Turismo, por onde se entra. Esta é uma típica habitação da vila, de pequenas dimensões, com dois compartimentos apertados, a saber: uma divisão é a cozinha, com lareira e que servia de zona de refeições e de estar; outra divisão é o quarto, que possui duas camas utilizadas por toda a família, onde pais e filhos dormiam.

=> Em seguida continue a subir a Rua da Igreja até chegar ao Largo da Igreja (junto a um cruzeiro). Decerto que dali vê a Igreja Matriz / Antiga Mesquita.
F) visitar a Igreja Matriz / Antiga Mesquita
A Igreja Matriz (6), classificada como monumento nacional, está situada num local sagrado para várias civilizações ao longo da história. Aqui terá existido um templo romano do século II e uma igreja paleocristã no século VI.
No século XII o espaço foi adaptado para mesquita almóada, sendo provável que fosse partilhado pelas comunidades árabes e cristãs.
Em 1238, o lugar foi transformado num templo cristão pela Ordem de Santiago, entaipando o mirhab árabe virado a Oriente (nicho de oração que indicava a direção de Meca) e instalando-se aí o altar-mor.
Aliás, foi nessa altura que os mais ricos passaram a ser sepultados dentro da igreja (junto com objetos, como crucifixos, colares, anéis, brincos e moedas). Mais tarde, o local foi adotado para a atual lgreja Matriz. Tudo isto, num cenário de reaproveitamento dos espaços e dos materiais pelos povos.
O exterior do edifício é de estilo mudéjar alentejano (mourisco), com telhado de duas águas e vários pináculos cónicos e merlões, com uma porta principal renascentista. Por cima desta pode ver gravada numa pedra a marca da Ordem de Santiago.
No interior, em forma de quadrado, pode ver 5 naves, com abóbadas manuelinas do século XVI, assentes em 12 colunas. Do lado direito, observe o antigo mirhab almóada com 4 portas de arco em forma de ferradura e um alfiz (moldura árabe).
Não esquecer de visitar o piso subterrâneo!
Depois não se esqueça de sair pela porta do fundo para as traseiras, para visitar o piso subterrâneo, onde se encontram os vestígios do templo romano e da igreja paleocristã, como capitéis, colunas e pilastras em mármore, bem como azulejos recuperados nas escavações.
Regresse ao interior da Igreja e sai pela porta principal para a rua, encontrando do teu lado esquerdo junto ao gradeamento um bloco de pedra, que pertenceu ao entablamento (moldura da parte superior da fachada) do templo romano, do século II, numa última fase consagrado ao culto imperial.

=> Suba mais um pouco e chega à Alcáçova, na base do castelo.
G) Percorrer a Alcáçova
Na Alcáçova (7) as descobertas arqueológicas efetuadas mostraram uma sobreposição de vários povos. Assim sendo, aqui terá existido, pelo menos, um fórum romano, um bairro islâmico e vários luxuosos edifícios religiosos nos séculos V a VII.

Da visita à Alcáçova aconselhamos-lhe a ver:
Casa Islâmica
Trata-se de uma representação à escala real de uma Casa Islâmica do bairro almóada, construído no século XII, com seus objetos funcionais.
As habitações seguiam o modelo clássico mediterrâneo, com átrio de entrada em cotovelo (para evitar que da rua se visse o interior). O átrio dava acesso a um pátio central, que ligava aos restantes compartimentos e continha um tanque para armazenar a água da chuva e um canteiro com ervas aromáticas para uso da cozinha.
Em volta do pátio existia o salão principal, com uma ou mais alcovas (pequenos quartos interiores), com estrado de madeira, tapado com cortina que servia para os donos da casa dormirem. Os outros elementos da casa dormiam em esteiras em vários locais da habitação.
A cozinha tinha duas zonas distintas, a saber: a área de fogo (lareira) e as áreas de armazenamento (conserva de alimentos). Além disso podia haver ainda a despensa, que era uma pequena divisão onde cabia apenas uma grande talha de barro onde era guardada a água fresca.
A casa tinha também a latrina, que estava ligada a uma rede de esgotos – algo raro na Europa naquela altura. As escavações numa das latrinas descobriram uma bilha de água e um alguidar para a higiene pessoal.
Na casa existia também a oficina de trabalho, onde ocorria a tecelagem em que as mulheres fabricavam mantas de dormir e a roupa da família em lã e linho (as escavações arqueológicas descobriram dedais, pontas de fuso e cossoiros – pesos dos teares) e, em alguns casos, havia também salões secundários.
Exterior da Casa Islâmica
As paredes exteriores das casas eram de taipa (terra, barro e areia comprimidas) e estavam assentes numa base de alvenaria (de cerca de 70 cm de pedra) e as paredes interiores eram quase sempre em adobe (tijolos de terra crua), como acontece nas casas tradicionais alentejanas.
Os telhados das habitações eram de telha de meia-cana que assentavam num tapete de caniço (analogamente ao que acontece nas casas alentejanas). Os telhados estavam inclinados para o pátio interior, com o propósito de conduzir as águas da chuva para um reservatório para serem aproveitadas (ao que ocorria nas casas romanas).
Com efeito, os pavimentos eram de terra batida, tijoleira ou argamassa pintada. As habitações possuíam geralmente uma única porta de comunicação para o exterior.
Bairro Islâmico
As descobertas arqueológicas trouxeram a descoberto as ruínas do bairro almóada edificado no interior das muralhas de Mértola, no século XII.
Aliás trata-se de um interessante conjunto habitacional em labirinto, típico das cidades árabes e mediterrâneas, com cerca de 20 moradias, que possuíam um sistema de esgotos e fossas individuais.
Após a conquista cristã pela Ordem de Santiago em 1238, este bairro foi destruído e transformado num cemitério cristão, tendo sido utilizado como tal até ao século XVI.

Palácio Episcopal
Um grande Palácio Episcopal foi construído no século V, numa época em que o cristianismo era a religião do Estado. Acima de tudo no palácio podes ver as luxuosas estruturas da residência, com revestimentos de placas de mármore e com belos mosaicos de influência bizantina.
Estes mosaicos cobriam o pavimento, incluindo os corredores de acesso às piscinas de batismo, a exemplo do que ocorria nas regiões do Mediterrâneo Oriental.

Mosaicos Bizantinos
Pode ver o que resta dos belos mosaicos de influência bizantina que existiam a fim de cobrir como um tapete o pavimento do Palácio Episcopal dos séculos V e VI.
Eventualmente terão sido mestres do Mediterrâneo Oriental que desenharam e assentaram estes magníficos mosaicos decorativos. Destacamos as seguintes representações nos mosaicos:
- de animais, como leões, tartaruga e pato;
- de cenas de caça, onde o caçador de fisionomia oriental, com o seu falcão, caça uma avestruz e outras aves que esvoaçavam;
- mitológicas, como o herói Belerofonte, montado no seu cavalo Pégaso, a lutar com o monstro Quimera, com a cauda de serpente, que lançava fogo pelas três cabeças.

Criptopórtico
Pode visitar o imponente Criptopórtico do século V, que é uma galeria subterrânea com 32 metros de comprimento por 6 metros de altura. Trata-se de uma plataforma artificial abobadada que sustentava sobretudo duas sequências de colunas cobertas por um telhado de duas águas.
Este conjunto/corredor pertencia ao Palácio Episcopal e permitia ver do alto a paisagem no horizonte. Pensa-se que o Cripotopórtico, eventualmente, terá também sustentado o forum romano que existiu no local.
Ademais, este Criptopórtico teve diversos usos ao longo dos séculos, tendo sido utilizado pelos árabes como cisterna.

Batistérios
Numa vila que no passado teve grande vitalidade religiosa, foi descoberto em Mértola, Portugal, um conjunto de estruturas batismais que contam com dois batistérios, distanciados de 20 metros, dos séculos V ou VI.
Aliás pensa-se que os dois batistérios foram usados por duas comunidades de crentes ou por pessoas de sexos diferentes, durante vários séculos. Um dos edifícios dos complexos batismais era retangular e possuía no interior um batistério octogonal, cuja piscina estava rodeada por um deambulatório revestido de mosaicos policromáticos com figuras de animais.
Este edifício continha pinturas a fresco que decoravam o teto eventualmente abobadado. Estes batistérios atestam que, no início do cristianismo, o batismo dos cristãos era feito por imersão total da pessoa.

=> De seguida continue a subir e chega ao Castelo, situado no cima da encosta de Mértola.
H) Explorar o Castelo de Mértola, Portugal
No Castelo de Mértola (8) pode visitar o seu interior, a imponente Torre de Menagem e, junto a ela, fotografar a estátua equestre de Ibn Qasi, que governou este emirado independente no século XII.
Castelo
O Castelo de Mértola é um monumento nacional em Portugal, construído pelos árabes nas épocas quer omíadas (séculos IX a XI) quer almóadas (século XII), tendo então servido também de local de habitação, com sistema de esgotos.
No século XIII foi adaptado para receber a sede da Ordem Militar de Santiago de Espada (Ordem de Santiago), adotando então uma estrutura gótica/medieval que ainda conserva. Nos séculos seguintes foi alvo de intervenções.
Esta imponente edificação que serviu de proteção às populações de Mértola até início do século XIX, em que perdeu a função militar. Afinal não esqueçamos que o Castelo de Mértola era considerado um dos castelos mais fortes do ocidente do al-Andaluz.
Do cimo das muralhas do castelo e da Torre de Menagem tem uma impressionante vista não só sobre a vila e as escavações arqueológicas, como também sobre o Rio Guadiana e as áreas rurais ao redor.
Aceda ao interior pela porta principal, por entre o bastião de entrada com dupla porta em cotovelo e várias torres. Surpreendentemente lá encontra um moderno anfiteatro, junto de uma antiga cisterna e dos alicerces do quartel dos séculos XVII e XVIII, local que terá tido no passado outros usos.
No século XIII foi aqui construído um convento dos cavaleiros da Ordem de Santiago. Em seguida, no século XV, foi edificada a Casa da Alcaidaria, no 1º andar a residência do alcaide-mor e no rés-do-chão um armazém que dava acesso à porta da traição.
Do interior do castelo aceda às torres de Menagem, do Alcaide Pequeno e da Carocha e ao baluarte que dá acesso à Porta Falsa. Na muralha norte junto à Torre de Managem pode ver o embasamento de uma torre da época omíada (século IX-XI).

Torre de Menagem
A Torre de Menagem com 27 metros de altura, de estilo gótico, ficou concluída em 1292, tendo sido usada como residência de alcaides-mor e de governadores.
Hoje contém um núcleo museológico, onde pode ver na Sala de Armas objetos ligados sobretudo à história do Castelo de Mértola e no piso superior uma exposição sobre a Ordem de Santiago, que teve a primeira sede em Portugal aqui neste local.
Estátua Equestre de Ibn Qasi
Junto ao castelo destaca-se sobretudo a enorme estátua equestre de Ibn Qasi, Senhor de Mértola. Este seguidor do sufismo (corrente contemplativa e mística do Islão) formou a Taifa de Mértola (ou Reino ou Emirado), que se separou do domínio dos Almorávidas que governavam o al-Andaluz.
Mais tarde, Ibn Qasi fez uma aliança com Dom Afonso Henriques, o qual em sinal de apoio lhe enviou armas e um cavalo. Posteriormente, os súbditos de Ibn Qasi, receando as consequências do acordo com o rei cristão, mataram o seu rei em 1151.
=> Regresse à Rua da Igreja, passando junto à Igreja e do cruzeiro do lado esquerdo e vire à direita contornando a pequena capela, entrando na Rua Elias Garcia (Antiga Rua da Afreita).
=> Suba a Rua Elias Garcia e passe junto de umas pequenas casas, de onde tem uma excelente vista sobre o Rio Guadiana. Em seguida desça até encontrares um pequeno largo do lado direito (a seguir ao nº 23 avistando as muralhas do castelo) que tem um limoeiro e uns bancos, onde pode descansar.
=> Continue este roteiro em Mértola, Portugal, por descer a Rua Elias Garcia e no nº 15 do teu lado direito a Forja do Ferreiro.
I) apreciar a Forja do Ferreiro
O núcleo museológico da Forja do Ferreiro (9) fica no nº 15 da Rua Elias Garcia. Este está instalado numa antiga oficina para trabalhar o ferro. A profissão de ferreiro foi muito importante no passado, pois apoiava as atividades fundamentais na região como a agricultura e a pecuária.
A oficina está instalada numa casa de construção típica em taipa, telhado de caniço e telha mourisca. Neste núcleo museológico encontras a bigorna, forja com o fole, martelos, serras, limas e muitas outras ferramentas da área.

=> Desça a Rua Elias Garcia, ao longo das muralhas e pare no torreão (em frente do nº 12), que tem vista para o Rio de Oeiras e a Ponte sobre o Rio de Oeiras.
=> Continue a descer a Rua Elias Garcia (que atualmente muda de nome, mas que era a Antiga Rua da Afreita), entre na Rua Dr. António José de Almeida, e encontre no nº 6 a Oficina de Ourivesaria.
J) visitar a Oficina de Ourivesaria
A Oficina de Ourivesaria (10) situa-se no nº 6 da Rua Dr. António José de Almeida e justifica uma visita. Aqui pode conhecer a artista Nadia Torres, que produz peças de autor de ouro, de prata e de outros materiais, como brincos, pulseiras e muitas outras.
Com efeito tratam-se de objetos inspirados na imaginação da autora, no rico património arqueológico, etnológico e natural de Mértola, Portugal, e na cultura mediterrânea e islâmica.
Esta multifacetada artista, também pintora, ilustradora e muito mais, que junto ao seu atelier dá também não apenas formação em ourivesaria como aluga a casa para retiro ou residência artística.

=> Continue na Rua Dr António José de Almeida (Antiga Rua da Afreita), onde nos nºs 1, 1a e 1b tem a Casa Amarela.
K) observar a Casa Amarela de Mértola
A Casa Amarela (11), na Rua António José de Almeida, é um grande edifício de arquitetura tradicional onde se ficam as sedes do Campo Arqueológico de Mértola (CAM) e do Centro de Estudos Islâmicos e do Mediterrâneo.
Este edifício contém quer os serviços do CAM, quer uma biblioteca especializada na cultura e civilização islâmica, uma das mais completas de Portugal. Além disso contém um centro de formação superior na área e salas para exposições temporárias.
=> Em frente, no nº 2, visite o Núcleo de Arte Islâmica.
L) visitar o Núcleo de Arte Islâmica
O Núcleo de Arte Islâmica (12) fica no nº 2 da Rua Dr António José de Almeida. Aqui em Mértola encontra-se a mais importante coleção de arte islâmica de Portugal. Aliás esta é uma das mais importantes coleções da Europa na área.
Em síntese, o núcleo museológico ajuda a entender a presença árabe na região de Mértola e em Portugal. Situa-se num edifício de dois andares, que foi um antigo celeiro da Casa de Bragança, do século XVIII.
Neste museu encontra inúmeros achados arqueológicos, em resultado das escavações feitas ao longo dos anos em Mértola e que testemunham a ocupação muçulmana da região. Destacam-se, por exemplo, peças de cerâmica decoradas com a técnica da corda seca (cerâmica vidrada em cores), ourivesaria (ouro, prata e bronze), talhas e alguidares de barro.
Contam-se também vários jogos populares islâmicos (tabuleiros com jogo do galo, três em linha e gamão). Existem candis de bico de barro e bronze (“lamparinas”), lápides funerárias e outras peças de cerâmica, metal e osso (agulhas, tesoura e torres de roca).
A não esquecer no Núcleo de Arte Islâmica!
No Núcleo de Arte Islâmica destacamos ainda três aspetos muito interessantes (se não os encontrares, pede na receção para te mostrarem) a saber:
- um video de cerca de 5 minutos, onde pode ver as semelhanças entre várias atividades tradicionais do povo português com as do povo árabe. Destacam-se as mulheres atarem o lenço na cabeça, caiar as casas, tecer nos teares manuais, cozer pão no forno, tocar adufe e trabalhar o barro;
- um áudio: na gravação ouve semelhanças entre as palavras portuguesas e árabes, como saudade, alfinete, almofada, garrafa, jarra, aldeia, saloio, alfazema, xarope, limão e açúcar;
- uma maquete da mesquita almóada que existiu no local da atual Igreja Matriz.

=> Aliás, tem em frente, o Núcleo de Arte Sacra, situado junto da Porta da Ribeira (que dá acesso ao Rio Guadiana), e já na Rua dos Combatentes da Grande Guerra.
M) conhecer o Núcleo de Arte Sacra
Na Rua Dr. António José de Almeida tem o núcleo museológico de Arte Sacra (13), no local onde existiu no passado um antigo Hospital da Misericórdia e uma ermida medieval dedicada a São Tiago.
No século XVl foi aqui construída a Igreja da Misericórdia. Atualmente esta última é pouco usada em culto religioso, servindo de guarda a uma coleção de Arte Sacra.
Este núcleo expõe vários objetos religiosos, como sejam pinturas e esculturas (de madeira policroma de origem europeia), bem como peças litúrgicas (algumas em prata). Há também um raro esquife de madeira da 1ª metade do século XIX que servia para transportar defuntos.
Estes objetos existiam dispersos pelas igrejas do concelho de Mértola, Portugal e aqui foram concentradas por uma questão de segurança.
=> Antes de avançar, repare por debaixo da Igreja da Misericórdia, numas escadas de acesso à Torre do Rio. Esta era a chamada Porta da Ribeira, que tem um brasão por cima que se vê quando sobe vindo do rio. Assim sendo, se quiser pode descer até lá, se não junto às muralhas pode avistar a Torre do Rio.
n) descobrir a Torre do Rio
A Torre do Rio (14), ou Torre da Couraça, é uma sólida construção romana e única no Mediterrâneo Ocidental, feita de blocos de pedra (mármore e granito) e alvenaria de xisto. Tinha 50 metros de extensão, está estimada como sendo do século IV e encontra-se classificada como monumento nacional desde 1910.
Aliás, da vila acedia-se à Torre do Rio através da Porta da Ribeira, que funcionava como prolongamento das muralhas até ao porto de Mértola. A Torre do Rio servia de estrutura defensiva que permitia o acesso da população à água do Rio Guadiana.
Ao mesmo tempo, a Torre, em conjunto com uma corrente de ferro que aí existia e atravessa o Rio, impedia os invasores de o subir.
Além disso, junto da Torre do Rio existia uma estrutura de amarração de madeira que permitia o desembarque de barcos de maiores dimensões. Estes subiam o Rio Guadiana desde a foz em Vila Real de Santo António, a 70 km, utilizando esta principal via de comunicação para realizar trocas comerciais e escoamento dos produtos da região.
Com efeito, ainda hoje se consegue ver, quer os seis pegões da Torre do Rio unidos por arcos, quer a calçada de acesso aos poços e túneis, que conduziam a água do rio até ao interior das muralhas da vila.

=> Em seguida, continue pela Rua dos Combatentes da Grande Guerra e chega ao Largo Luís de Camões, onde se situam os Paços do Concelho com a Casa Romana. Igualmente encontram-se ali os antigos edifícios representativos do poder político, administrativo, judicial e económico de Mértola.
o) explorar os Paços do Concelho / Casa Romana
Os Paços do Concelho (15) ficam em frente a uma bela praça com laranjeiras e bancos. Ao passo que nos pisos superiores do edifício existem os serviços da Câmara Municipal de Mértola, Portugal, no piso inferior encontra-se o núcleo museológico da Casa Romana.
Paços do Concelho
Situado no nº 1 do Largo Luís de Camões, o edifício dos Paços do Concelho possui bonitas portas e portadas vermelhas. Ao passar pela porta principal chega ao hall de entrada, onde vê no pavimento um conjunto de mosaicos a representar um cavaleiro num cavalo.
Além disso, numa das paredes há uma grande tapeçaria em ponto de Arraiolos com um motivo alusivo ao Município de Mértola, Portugal.

Casa Romana
No hall de entrada do edifício dos Paços do Concelho desça as escadas para a cave onde se encontra a Casa Romana. Decerto que este núcleo museológico permite entender melhor a presença e o quotidiano dos romanos no concelho de Mértola, na Península Ibérica e à volta do Mar Mediterrâneo.
Inesperadamente as obras de remodelação efetuadas no edifício dos Paços do Concelho puseram a descoberto um domus romano (casa), do século I.

Esta casa terá pertencido a um mercador rico e teve dois possíveis níveis de ocupação: ora na época imperial e ora após o século III. A casa tinha um pátio interior com um impluvium, ou seja, um tanque retangular que recolhia a água da chuva.
O pátio interior terá sido recoberto por um cimento compacto para criar uma espelho de água. Este pátio servia de vestíbulo para os outros compartimentos e, por não ter cobertura, permitia a iluminação natural destes, evitando assim aberturas para o exterior.
Aliás a Casa Romana situava-se na principal rua da vila, que ligava o porto comercial, o templo romano e a acrópole (zona alta da vila).
Logo após descer os primeiros degraus para visitar o núcleo museológico, vai avistar uma bela e imponente estátua de um togado romano (magistrado judicial). Esta remonta ao século I, foi feita de um único bloco de mármore e foi encontrada perto do local.
Em seguida veja as estruturas de uma habitação romana, com os vários achados arqueológicos. Destes destacam-se, por exemplo, várias moedas (existem duas moedas romanas cunhadas no século I a.c. em Myrtilis – atual Mértola), estátuas, ânforas, bacias, peças de armamento, unguentários de vidro, objetos funerários e muitos outros, além de informações explicativas.
=> Ainda no Largo Luís de Camões pode ver vários antigos edifícios representativos do poder político, administrativo, judicial e económico de Mértola, Portugal.
Antigo Tribunal, Tabelionado e Recebedorias
Nos nºs 2 e 2a do Largo Luis de Camões, sobre a muralha virada para o Rio Guadiana, existe um edifício em banda onde no passado funcionou o Tribunal, os Paços do Concelho, o Tabelionado (antigo Notário) e igualmente as Recebedorias (antiga Repartição de Finanças).
Hoje aqui funcionam alguns serviços da Câmara Municipal.
Casa do Lanternim
Nos nºs 15b e 15c do Largo Luis de Camões está a Casa do Lanternim, onde se situa a sede do Parque Natural do Vale do Guadiana. O edifício contém um auditório, uma biblioteca e, além disso, um espaço para exposições temporárias.
Casa dos Azulejos
Junto do Largo Luís de Camões, mas com entrada pelo nº 1 Rua Professor Baptista da Graça (Antiga Rua do Relógio) está a Casa dos Azulejos, que como o nome indica está forrada de azulejos, com um bonito pátio interior. Neste local funcionam os serviços da Autarquia de Mértola.

Casa Cor-de-Rosa
Por detrás do Largo Luís de Camões, nos nºs 7, 7a e 7b, da Rua 5 de Outubro (Antiga Rua das Cruzes), está a Casa Cor-de-Rosa. Trata-se de um edifício de grandes dimensões, do século XIX, que pertenceu a um grande comerciante de Mértola.
Este edifício está a ser recuperado para funcionar como hamman (complexo de banhos árabes), único do género em Portugal, que terá sala de chá e que será uns espaço para fins culturais e lúdicos em Mértola.
Também inesperadamente as obras de recuperação da Casa Cor-de-Rosa trouxeram a descoberto no subsolo vestígios de edificações dos períodos romano, islâmico e medieval.
As escavações arqueológicas descobriram com efeito também quatro estátuas de grandes dimensões, que terão pertencido a um templo romano, do século I: uma estátua de um militar e três estátuas de togados romanos (magistrados judiciais), em que duas são femininas e uma não se consegue identificar se é masculina ou feminina).
=> Em seguida continue pela Rua Professor Baptista da Graça (Antiga Rua do Relógio) ao longo das muralhas e aviste a emblemática Torre do Relógio.
p) fotografar a Torre do Relógio
A Torre do Relógio (16) situa-se sobre um antigo torreão das muralhas e é inegavelmente um ex-libris de Mértola, que marcou o tempo durante gerações.
Não se tem a certeza da data da construção, mas pensa-se que seja do final do século XVI, por no sino da torre estar gravado “1593”. Em 1896, o relógio inicial foi substituído por outro e após algumas avarias e interrupções, há vários anos que continua a funcionar.
Junto da Torre às vezes ouve-se o tilintar dos rebanhos e o chilrear dos pássaros do outro lado da margem, em Além Rio.
Se quiser pode subir uns degraus da torre para tirar umas fotos ou então descer a escadaria de pedra junto da mesma para passear até ao Cais de Mértola.

=> Em seguida, continue a subir a Rua Professor Baptista da Graça e a meio vê um pequeno largo do lado esquerdo com uma grande laranjeira e bancos para descansares.
=> No cimo da rua encontra o Mercado Municipal e, desta forma, regressa ao Largo Vasco da Gama – chegando ao fim do Roteiro no Centro Histórico de Mértola, Portugal.
O que fazer no Município de Mértola, Portugal
No município de Mértola pode efetuar várias atividades interessantes, como:
- Fazer percursos pedestres, sobretudo dentro do Parque Natural do Vale do Guadiana, em que pode observar a fauna e a flora da região. Existem vários percursos certificados (PR) e uma grande rota GR15 – “Grande Rota do Guadiana” vinda do Algarve. Sugerimos que, pelo menos, faça o percurso perto da vila, que é o PR1 “Guadiana, o Grande Rio do Sul”, que segue ao longo das margens deste Rio até à Herdade da Bombeira, onde se produz o famoso vinho;
- Efetuar a observação de aves (birdwatching), num concelho com enorme variedade de espécies.
- Nas margens do Rio Guadiana encontra cegonhas pretas, bufos-reais e melros azuis;
- No habitat das planícies tem águias-imperiais-ibéricas, melros-azuis, abetardas, sisões e cortiçóis-de-barriga-preta;
- Ao longo dos caminhos do concelho vê poupas, pegas-azuis e picanços-barreteiros;
- Na vila de Mértola existem os raros peneireiros-das-torres;
- Nas ruínas da Mina de São Domingos encontram-se os escassos andorinhões-cafre. Adicionalmente, avistam-se perdizes, abelharucos, papa-figos, pintassilgos e muito mais;
- E porque não fazer também observação de insetos (bug watching), que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos?;
- Fazer observação de outros animais, nomeadamente de perdizes, lebres, veados;
- Praticar desporto, como atletismo, ciclismo e BTT, todo-o-terreno (de jipe), parapente (na Serra de Alcaria Ruiva) ou kayak que pode alugar (para andar no Rio Guadiana ou na albufeira da Tapada Grande, onde existem pistas de canoagem utilizadas por equipas profissionais);
- Passear de barco no Rio Guadiana (“O Grande Rio do sul”), observando a paisagem e a vida selvagem ao longo das margens;
- Tomar um café na esplanada do Café Guadiana, no Largo Vasco da Gama, no centro de Mértola;
- Observar o céu noturno de Mértola e o quanto ele é magnifico, as suas inúmeras estrelas e planetas. Vai ser inesquecível!
O que Comer e Beber em Mértola
Em Mértola encontra a gastronomia típica alentejana, muito influenciada pela cozinha mediterrânica.
Dos produtos da região sobressaem, o pão, azeite, queijo, mel, ervas aromáticas (coentros, pejo, orégãos, alecrim e outras), vinhos, enchidos, carnes de porco (preto), borrego, caça e peixes do rio (saboga, sável e enguias), tomate, túberas, cogumelos e espargos.
Nos pratos típicos tem as migas à alentejana, cozido de grão, bochechas de porco, ensopado de borrego, ensopado de enguias, ovas de saboga, sopas de peixe do rio, tomatadas e gasalhos.
No vinho, destaca-se a Herdade da Bombeira, junto ao Rio Guadiana, que produz um vinho tinto e branco excepcional.
Os doces regionais destacamos as popias, as costas e o nógado.
Restaurantes em Mértola
Existem excelentes restaurantes na vila de Mértola, dos quais recomendamos:
- Casa de Pasto Tamuje, na rua principal, onde nos sábados de manhã se comem uma fatias douradas com mel do melhor que há no Alentejo;
- Terra Utópica, dentro do centro histórico, com pratos vegetarianos deliciosos
- Restaurante Casa Amarela, em Além-Rio (do outro lado do rio em frente à vila).
Mertola Alojamento
No concelho de Mértola existem acolhedoras acomodações onde pode ficar, que lhe permitem usufruir da tranquilidade da região, como sejam hotéis, turismo rural e alojamento local.
No Booking.com encontra vários alojamentos de qualidade em Mértola, como por exemplo, a Casa da Oliveirinha.
O que Comprar em Mértola
Existem vários artigos produzidos no concelho de Mértola, Portugal, que pode levar para casa, dos quais destacamos:
- O pão alentejano, queijos (ovelha e cabra), enchidos (linguiça, paio, presunto e paleta alentejano), bolos, mel (de rosmaninho), costas e popias, nógado, vinhos, ervas aromáticas e infusões (chás de erva ursa). Estes artigos podem ser encontrados na Loja da Terra e na loja Além Cante, no Largo Vasco da Gama;
- As famosas mantas de lã e peças típicas da região compradas na Oficina da Tecelagem;
- Objetos de decoração rústicos da região e doutras paragens, como Norte de África, podem ser encontrados na loja perto dos CTT-Correios;
- Peças de autor de Joalharia que podem ser comprados na Oficina de Ouriversaria, explorada pela artista Nádia Torres;
- Réplicas de peças arqueológicas encontradas em Mértola e/ou publicações associadas podem ser adquiridas nos vários núcleos museológicos ou no Posto de Informação Turística.
Eventos em Mértola (Calendário)
Durante o ano no concelho de Mértola, ocorrem vários eventos, como festivais, festas, feiras e eventos desportivos, de que destacamos os seguintes (calendário):
1º Semestre
- Março: Festival de Peixe do Rio (no Pomarão). Neste evento gastronómico encontra várias “tasquinhas” onde pode provar pratos confecionados com peixes do Rio Guadiana, que passa ali junto ao local, bem como outros produtos locais e artesanato regional;
- Março: Trilhos de Mértola – Trail Run. Esta prova conta com a presença de quase um milhar de atletas, que participam em várias modalidades: Caminhada de 9 km, o Trail Curto de 14 km, o Trail Longo de 26 km e o Ultra Trail de 46 km. Desta forma, os participantes podem percorrer a bonita vila da Mértola, bem, como apreciar a bela paisagem do Parque Natural do Vale do Guadiana;
- Abril: Feira do Mel, Queijo e Pão (em Mértola). Aqui pode comprar excelentes produtos do concelho, como pão alentejano, mel, queijo, enchidos, bolos, frutos secos e muitos outros. Além disso, encontra artesanato regional e várias tasquinhas com a gastronomia alentejana. Durante o evento há sempre muita animação com música tradicional;
- Junho: Festas da Vila (em Mértola). Por altura da comemoração do feriado municipal em 24 de junho, são vários os artistas conhecidos que trazem muita música e animação ao Cais de Mértola, junto ao Rio Guadiana;
2º Semestre
- Agosto: Mértola Radical (em Mértola, na Mina de São Domingos e na Serra de Alcaria);
- Setembro: Feira Agropecuária Transfronteiriça de Vale do Poço. Em Vale do Poço, a 12 km da Mina de São Domingos, ocorre uma feira dedicada às atividades agrícolas e florestais da região. Este evento organizado pelas câmaras de Mértola e de Serpa conta ainda com exposições, conferências, música, gastronomia e venda de produtos locais;
- Outubro: Feira da Caça de Mértola. Considerada a Capital Nacional da Caça, Mértola conta com a feira de divulgação dos recursos cinegéticos do concelho, com destaque para a perdiz-vermelha, coelho-bravo, lebre, javali, veado e gamo. Há exposições, concursos, gastronomia, comércio de artigos de caça e de produtos regionais. Não esquecendo a animação musical!
- Outubro a dezembro: Mês da Música.
DE 2 em 2 anos
- Maio: Festival Islâmico de Mértola (de 2 em 2 anos). Este evento genuíno destaca a cultura islâmica (que teve uma presença marcante na região), que se mistura com a cultura alentejana. Mértola transforma-se numa “verdadeira” vila do Norte de África, com muita música e animação, eventos multiculturais, souk (mercado de rua árabe), gastronomia, conferências e pessoas vindas sobretudo de países à volta do Mar Mediterrâneo.
Mais informações:
Posto de Turismo: Telefone 286810109 ou www.cm-mertola.pt
Para conhecer melhor Mértola, explore ainda, bem perto da “Vila Velha”, o Roteiro Fora do Centro Histórico de Mértola.
Decerto que vai apreciar outros núcleos museológicos e locais interessantes, como a Basílica Paleocristã, o Cine-Teatro Marques Duque, o Arrabalde Ribeirinho com o Hotel-Museu e o Cais de Mértola, junto ao Rio Guadiana.

Locais a Visitar no Alentejo
- Castro Verde: Roteiro em Castro Verde: Descobre o que Fazer
- Beja: Praia Fluvial de Cinco Reis, em Beja, Alentejo
Para saber mais sobre os locais que recomendamos no País, então visite a página Destinos em Portugal. |
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