Visite a aldeia serrana de Odeleite, em Castro Marim, descubra a Casa de Odeleite e usufrua dos espelhos de água da sua Ribeira e Albufeira.
Fomos visitar a aldeia de Odeleite, no concelho de Castro Marim, e viemos inspirados por uma história de empreendedorismo (a Casa de Odeleite que falamos mais abaixo).
Situada na encosta da Ribeira com o mesmo nome e relativamente próxima do Rio Guadiana, a aldeia de Odeleite toma a forma de anfiteatro e apresenta pormenores de cariz predominantemente rurais.
MAPA DE ODELEITE
Os números (#) no Mapa e no Texto identificam os locais a visitar:
Visitar a Aldeia de Odeleite
O núcleo urbano da aldeia desenvolve-se em patamares, com largos, atravessados por pequenas ruas, que nos conduzem até à ribeira cá em baixo.
As casas brancas têm típicas chaminés algarvias e algumas possuem platibandas. A marcar a vida da aldeia estão uns poucos cafés e restaurantes.

Odeleite gozava de uma localização privilegiada, sobretudo porque ali atracavam as embarcações que navegavam na Ribeira de Odeleite e no Rio Guadiana.
Esta aldeia concentrava as matérias primas que as populações serranas ao redor extraíam da natureza, assumia a sua comercialização no litoral, bem como a recepção dos produtos exteriores e respetiva comercialização por toda aquela zona de serra algarvia.
Todavia, a construção da estrada, que sai de Castro Marim e segue para norte, fez reduzir a importância económica do Rio Guadiana como via de comunicação, e assim de Odeleite.
Observar a Placa “Odeleite” e Miradouro sobre a aldeia
(1) Ao chegarmos ao cimo da pacata aldeia, encontramos o nome “Odeleite” inscrito a amarelo numa grande pedra preta. Um lápis parece tê-lo escrito na rocha. Aliás, este nome parece vir do árabe “wadi al-laban” que significa rio de leite.

Um pouco mais abaixo encontramos um Miradouro sobre a aldeia. Por toda a povoação vêem-se vasos e canteiros com flores, que elege anualmente a rua mais florida.

Fotografar as Esculturas nas Ruas
(2) Ao longo das ruas de Odeleite observam-se esculturas em metal representando animais (por exemplo: vacas, burros, veados e outros).
Estas são da autoria de Carlos de Oliveira Correia, que tem outras esculturas no Algarve, como por exemplo o “Cavaleiro da Ordem de Cristo” em Castro Marim, onde reside.

Ver o Forno Comunitário
(3) A aldeia contém alguns interessantes fornos comunitários. Nestes fornos a lenha, a população cozia ora o apetitoso pão caseiro, ora assava o cabrito assado e muito mais.

Visitar a Casa de Odeleite
(4) Surpreendentemente fizemos uma viagem no tempo ao visitarmos a Casa de Odeleite, a meio da encosta da aldeia.
Com efeito, fomos fazer uma visita a esta Casa e viemos inspirados por uma história de empreendedorismo.

Enquadramento
Esta foi uma das casas agrícolas mais ricas da região no início do século XX.
Hoje é uma casa-museu, com a finalidade de ser um espaço vivo da memória das gentes da aldeia e arredores. A visita ajudou-nos a refletir nos principais acontecimentos do País ao longo deste século, com impacto na região.
Os edifícios da Casa de Odeleite foram comprados pela Câmara de Castro Marim em 1999 e receberam entretanto obras de requalificação.
Esta Casa foi transformada num polo cultural para antes de mais nada, dar a conhecer a serra algarvia, recreando os vários ambientes e lembrando os usos e tradições antigas.
Espaço do museu
O espaço conta não apenas com salas para exposições e workshops, como também com cafetaria, loja de produtos regionais e centro de documentação com arquivo gastronómico.
Em Odeleite, a comida da população seguia o ritmo das estações:
– no verão, comia-se gaspacho, saladas, frango e borrego guisados, legumes, arroz, massa e feijão verde. Também os peixes da ribeira e do mar;
– no inverno, comia-se a carne de porco com repolho e couve lombarda, feijão manteiga, arroz e fedeus (massa de pão seca ao sol com 2 cm por 2 milímetros de espessura, que se juntava à sopa).
A Casa foi um importante lugar de comércio, cujos proprietários (João Xavier de Almeida e Claudina Dias) compravam quase todos os produtos ao redor, a saber alfarrobas, amêndoas e figos.

Estes produtos eram posteriormente transportados (com a ajuda dos cestos feitos na região), através da Ribeira de Odeleite e de seguida do Rio Guadiana para os mercados consumidores, parte deles para exportação.
A população abastecia-se ali dos bens que precisava (farinha, tecidos, sabão, materiais agrícolas e muito mais), que por vezes trocava em contrapartida pelos produtos que fornecia à Casa de Odeleite.
No edifício de dois andares podem-se ver elementos decorativos e mobiliário Arte Nova, que inesperadamente surgem no meio desta aldeia serrana.

Nas casas térreas, de uma só água, encontramos a casa do forno, a casa do azeite, do vinho e do queijo, bem como os armazéns de alfarroba, de milho e de outros produtos.
Todavia, estes armazéns hoje servem de salas para exposições e reuniões, sendo que numa delas existe uma enorme fotografia aérea que dá a conhecer a região.
Espaço Exterior
O conjunto arquitetónico consiste em casas de várias cores (amarelas, brancas e cor-de-rosa) situadas à volta de um pátio.

Ao passo que no pátio existe um telheiro de canas, com mesas e cadeiras, em que podemos aproveitar a sombra (junto de um conjunto de agradáveis vasinhos com flores pendurados na parede).

Por ali encontramos igualmente esculturas de grandes borboletas em metal e um antigo poço com balde para tirar água, com as tradicionais bilhas em zinco.
No total encontram-se ali cerca de 3.000 objetos que pertenceram aos proprietários, como por exemplo móveis, documentos, alfaias agrícolas, objetos decorativos e muitos outros artefactos.
Mercadinho na Casa de Odeleite
Achámos interessante o facto de, no primeiro domingo de cada mês, ocorrer na Casa de Odeleite um mercadinho. Assim, os visitantes podem comprar artesanato regional, doces e compotas artesanais, queijo de cabra algarvia e produtos hortícolas.
No dia deste mercadinho costuma ocorrer igualmente um atelier de tecelagem e um atelier do pão, em que se experimenta o pão acabado de cozer no forno a lenha!
Observar a Junta de Freguesia de Odeleite
(5) Odeleite é sede de junta de freguesia.

No edifício da Junta encontramos um telheiro que protege do sol um conjunto de caixas do correio (onde os moradores vêm buscar a sua correspondência), como se de um condomínio de um prédio se tratasse.
Fotografar a Igreja Matriz
(6) A Igreja Matriz de Odeleite (ou da Nossa Senhora da Visitação), do século XVI, é de estilo barroco. Portanto, possui uma fachada de frontão triangular, uma nave central e uma capela mor, cujas coberturas são abobadadas.

A igreja contém pinturas em talha dourada nos retábulos, pinturas policromáticas e várias peças de ourivesaria valiosas.
Sentir a Ribeira de Odeleite
(7) A Ribeira de Odeleite, nasce na Serra do Caldeirão e vai desaguar no Rio Guadiana. No passado, a ribeira serviu de “estrada” fluvial, que assim colocava a aldeia no mapa da região.

Junto da Ribeira encontra-se um largo, onde se estacionam os carros. Assim, é aqui que têm lugar as festas da aldeia, com barraquinhas, comes e bebes e se ouve e dança ao som da música.
Passear na Várzea de Odeleite
(8) Cá em baixo, ao longo da Ribeira de Odeleite vêem-se as várzeas de hortas, pomares e canaviais.

Por isso as couves, feijão verde, tomates, pepinos, pimentos, melancias, abóboras e outras culturas são regadas com a água da ribeira ou dos poços.
Os poços apresentam o curioso “gargal”, que é uma vedação com cerca de um metro de altura com o intuito de proteger pessoas e animais.

Nos terrenos não regados da várzea existem as culturas e pomares de sequeiro, a saber alfarrobeiras, amendoeiras, oliveiras e vinhas.
Perto daqui também andam as cabras que fornecem o leite para fazer queijos, bem como chibos (bodes novos), muito procurados em determinadas épocas do ano.
O que fazer perto de Odeleite
Barragem e Albufeira de Odeleite
A Barragem de Odeleite foi construída sobre a Ribeira com o mesmo nome em 1997, com a finalidade de irrigar os campos de cultura em volta e abastecer de água potável parte do Algarve.

A Albufeira tem uma bacia hidrográfica com 352 km2.
Um bom local para observá-la é sobretudo o Miradouro de Odeleite. Assim sendo, sentámo-nos aqui à sombra para apreciar a vista e usufruir o silêncio e a paz do local.

Nas encostas da albufeira pode ver-se a flora de serra algarvia, como por exemplo pinheiros mansos, alfarrobeiras e estevas. Ao passo que também é um local onde vive uma variedade de fauna, como coelhos, aves e outros.
Rio do Dragão Azul (Odeleite – Castro Marim)
Uma vista aérea sobre a Albufeira permite ver a forma de um dragão nas águas. Com maior impacto nos povos asiáticos, tem sido chamado de “Rio do Dragão Azul”.
Abastecimento de Água ao Algarve
Através de um túnel de 3 km, a água segue da Albufeira de Odeleite para a Albufeira do Beliche. Posteriormente é canalizada até Tavira onde é tratada, servindo depois para o abastecimento público de grande parte do Algarve.
Descobrir o Moinho das Pernadas
Seguindo a placa “Foz de Odeleite” e a 2 Km de Odeleite fica o Moinho das Pernadas.
Este foi um importante moinho hidráulico, que usando a força das águas da Ribeira de Odeleite fazia a moagem de cereais produzidos na região.

O conjunto arquitetónico foi recuperado e inclui quer o moinho, quer o cais, casa do moleiro, mirante e forno.

Este açude mantem-se desde meados do século XX. Aliás, os anteriores açudes foram danificados pelas cheias, por a comporta não conseguir dar vazão à força das águas. Encontra-se ali um núcleo museológico, com local para piqueniques à sombra dos loendros.
No caminho para a Foz de Odeleite, tivemos a sensação que estávamos a ser observados. Adivinhem quem era?

Foz de Odeleite (junto ao RIO Guadiana)
A Ribeira de Odeleite desagua no Rio Guadiana perto de Foz de Odeleite.
Junto desta povoação, a paisagem é excepcional dada a grandeza do “Grande Rio do Sul”, que nos separa de Espanha.

Quando fomos ao cais flutuante para sentir a tranquilidade do Rio, uma “nova amiga” fez questão de nos acompanhar. Gostámos!

Fazer Percursos Pedestres
A freguesia de Odeleite conta com vários percursos pedestres, que permitem conhecer a riqueza que tem para oferecer. Destacamos os seguintes:
Percurso “Odeleite de Perto e de Longe” (PR4)
O Percurso “Odeleite de Perto e de Longe” (PR4) é circular, com 11 km e tem grau de dificuldade médio.
Ao longo do trajeto pode-se conhecer as povoações da Fonte do Penedo, Alcaria, Assador e Odeleite. O percurso faz-se em parte ao longo da Ribeira de Odeleite, passando no Moinho das Pernadas (moinho de água).
Percurso “Terras da Ordem” (PR5)
Perto de Odeleite faz-se o Percurso “Terras da Ordem” (PR5), circular com 12 km e grau de dificuldade médio.
Este percurso permite visitar os povoados de Pernadas e Tenência e passa na Mata Nacional das Terras da Ordem e junto da Ribeira de Odeleite, permitindo contemplar a natureza e o silêncio.
A Mata Nacional das Terras da Ordem é propriedade do Estado e terá pertencido à Comenda da Alcaidaria-Mor de Castro Marim (da Ordem de Cristo). Trata-se de um local onde predominam pinheiros mansos e coelhos, lebres, raposas, javalis e aves (perdizes, pica-paus e outros).
Grande Rota do Guadiana (GR15)
A Grande Rota do Guadiana (GR15) é um percurso pedestre que envolve quatro concelhos (Vila Real de Santo António, Castro Marim, Alcoutim e Mértola) e atravessa vários povoados, entre os quais Odeleite. Daqui dirige-se para a Foz de Odeleite, ao longo da ribeira com o mesmo nome.

A GR15 tem uma extensão total de 165 km com grau de dificuldade médio e ocorre próximo do Rio Guadiana, onde existem vários pontos de interesse histórico, cultural e natural.
O percurso total da GR15 está repartido em cinco setores interligados. O percurso do setor 2, com 17,6 km de extensão, tem início na Junqueira e termina em Odeleite. Ao longo do mesmo há possibilidade de avistar o Rio Guadiana, as azinheiras e os rebanhos de cabras de raça algarvia.
Visitar outra aldeia serrana – azinhal (Castro Marim)
Perto de Odeleite, localiza-se outra aldeia serrana bem típica: o Azinhal.
Nesta aldeia, há igualmente muitas locais interessantes para ver e coisas giras para fazer, nomeadamente visitar uma queijaria de leite de cabra da raça algarvia, ver ao vivo a arte da cestaria e ir comer doces regionais super saborosos.
Ficou com curiosidade? Então, saiba tudo no artigo Azinhal: aldeia serrana de Castro Marim, Algarve.

EXPLORAR A VILA DE CASTRO MARIM
O artigo dos 7 locais a visitar na vila de Castro Marim ajuda a explorar a sede deste concelho, com considerável património histórico e cultural, excelente gastronomia e interessante artesanato.

Restaurantes em Odeleite
Em Odeleite encontrámos três restaurantes: Bela Vista, Casa Merca e O Camponês. Fomos ao primeiro.
Restaurante bela vista (Odeleite)
Aquando da nossa visita almoçamos no Restaurante “Bela Vista”, num local privilegiado sobre a Albufeira de Odeleite. Este é um restaurante despretensioso, com variedade de pratos de carne e peixe, parte deles típicos do Algarve.
A nossa comida estava muito saborosa e bem confecionada.
As entradas foram presunto, azeitonas e pão. Como prato principal pedimos pernil de porco assado no forno, com batata frita, arroz e salada. O pernil derretia-se na boca, de tão bom que estava!


As sobremesas foram mousse de chocolate e tarte de amêndoa, generosas e de fazer crescer água na boca.
O restaurante possui várias salas, o serviço foi rápido e os funcionários simpáticos. No exterior há espaço para estacionar, há um pequeno parque infantil e alguns viveiros com pássaros.
Fica situado no cimo de Odeleite, do outro lado da estrada IC 27. Se passarmos perto desta aldeia, este é um restaurante a lembrar!
Alojamento em Odeleite
Na nossa visita ao Concelho de Castro Marim ficamos alojados na Companhia das Culturas. Este Ecodesign & Spa Hotel está inserido numa propriedade agrícola familiar de 40 hectares. Foi uma experiência que gostámos imenso.
Veja aqui também boas opções disponíveis em Odeleite.
Faça o Pin deste artigo para usufruir Odeleite ao máximo e quando quiser.



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